domingo, 16 de junho de 2013

A VERDADE SOBRE A INDÚSTRIA DE FILHOTES



Essa é a transcrição de um programa da Oprah Winfrey traduzida e considera essencial para entendermos a situação dos animais e da indústria pet atual.

O texto é longo, por isso, será dividido em duas partes. Ao mesmo tempo em que mostra o pior lado do ser humano, apresenta trabalhos admiráveis e inspiradores de pessoas que resolveram arregaçar as mangas. 

Aproveitem o fim de semana e, por favor, leiam até o final, pois a reportagem é um alerta fantástico para que, sabendo, de fato, o que acontece por trás das vitrines com aqueles lindos animais exibidos nos pet shops e agropecuárias as pessoas possam acordar para essa realidade e parar de contribuir com uma indústria tão criminosa como essas, espalhadas pelo mundo todo.

INVESTIGANDO AS FÁBRICAS DE FILHOTES
(traduzido por mim de www.oprah.com)

Logo após a morte de sua companheira de 13 anos, uma Cocker chamada Sophie, Oprah se deparou com um outdoor que dizia: “Oprah, faça um programa sobre as Fábricas de Filhotes. Os cães precisam de você”.

O responsável pelo pedido era Bill Smith , fundador da Main Line Animal Rescue.

Todos os anos, Bill e vários voluntários resgatam centenas de animais abandonados, indesejados e vítimas de maus tratos, cuidam e arrumam novas famílias para eles. Muitos dos animais que ele resgata vêm das fábricas de filhotes, que ele descreve como “lugares onde maus criadores se importam muito mais com os lucros do que com a saúde ou o bem estar dos animais”. Segundo ele, um animal em uma fábrica de filhotes se depara com condições deploráveis de vida, incluindo cruzamento consangüíneo; mínimo ou nenhum cuidado veterinário, abrigo limitado e gaiolas super povoadas.

“Nós estávamos tão frustrados… e ninguém parecia estar ajudando os animais”, diz Bill.  “Eu sei que a Oprah é amante dos animais. Eu pensei que ela poderia nos ajudar a contar esta história ao mundo e educar muitas pessoas.” O outdoor realmente adiantou, e um programa sobre as fábricas de filhotes foi gravado. Antes de continuar com o programa, Oprah diz “Acredito que quando vocês virem com seus próprios olhos, vocês não irão apoiar isto”.

Para ver o que acontece nas fábricas de filhotes, a repórter do programa da Oprah, Lisa Ling, levou uma câmera escondida, e na companhia de Bill, fez um tour pela Pennsylvania. De acordo com a Humane Society dos estados Unidos, existe cerca de 10mil fábricas de filhotes operando naquele país.

Eles também visitaram dois pet shops, pois muitos dos cães que nascem nas fábricas de filhotes acabam em pet shops ou vendidos pela internet. Enquanto o proprietário da loja geralmente nega que seus animais venham de fábricas de filhotes, Bill diz que a maioria efetivamente vem destes locais.

“O fato é , o que eles estão fazendo não é ilegal”, diz Lisa. “Mas o objetivo, acredito, aqui, é fazer surgir a consciência. As pessoas vão aos pet shops , e vêem esses filhotinhos pequenos e fofos , e não fazem a menor idéia de onde eles vem , e o que eles tem que suportar”.

Lisa e Bill passam dois dias rastreando filhotes dos pet shops até seus criadores. Geralmente Bill pede aos criadores para dar a ele  os cães que eles não querem mais, ou que planejam  matar. Segundo ele, os criadores geralmente querem se livrar de fêmeas mais velhas e machos novos, pois eles precisam de apenas um ou dois cães machos para procriar com 20 fêmeas férteis. Fêmeas jovens são muito valorizadas nas fabricas de filhotes.

Em uma das fábricas de filhotes, Lisa e Bill encontram um filhote de cockapoo ( mistura de coker com poodle) e perguntam pela mãe dele. O criador diz que a mãe é um dos cães nas gaiolas que se encontram fora da casa. Eles seguem o criador para uma construção cheia de pequenos engradados de madeira, lotados de cães. “O espaço é tão pequeno, as mães estão pisoteado seus bebês”, diz Lisa. Muitos desses cães nunca andaram na grama durante sua vida inteira, mesmo morando em uma propriedade de 60 acres.

Procurando pela mãe dos filhotes de um Labrador, eles a encontram em um pequeno curral cheio de lama. “Suas mamas foram engolidas”, mostra Bill, uma evidência de que ela teve muitas e muitas ninhadas durante sua vida.

Lisa e Bill continuam a visitar fabricas de filhotes aos arredores. Em uma delas, eles encontram cerca de 40 cães presos em gaiolas de coelhos, suspensas em um teto de um quarto que exalava cheiro de urina e fezes.

Antes de visitar outra fábrica de filhotes, Bill avisa Lisa sobre o que eles podem encontrar “este é provavelmente o pior lugar em que já estive em toda a minha vida. Este criador tem cães correndo e girando em rodas dentro de jaulas. O criador diz que é bom para eles, pois assim eles se exercitam.” O criador não os deixou entrar na propriedade para ver os animais, mas Bill e Lisa encontraram dois animais mortos ao lado da propriedade.

No terceiro criador, Lisa e Bill vêem gaiolas ao relento, com cães da raça  Spitz Alemão. Bill diz que os cães provavelmente nunca saíram daquelas pequenas gaiolas, e é provável que eles não saiam dali nem mesmo com o mau tempo e podem morrer apenas pela exposição ao frio.

Durante as visitas aos criadores, Bill resgatou dezenas de animais. Para Lisa, o modo como os animais vivem é assustador “enquanto eu fico aliviada pelos 39 que conseguimos salvar, existem centenas que vimos ali e que continuarão nas gaiolas pelo resto de suas vidas”, diz Lisa.

Segundo Bill, muitos criadores ligam para ele para saber se ele quer buscar cães indesejados. “Nós desenvolvemos um relacionamento com algumas dessas pessoas, e na verdade esses são os criadores de bem, porque eles nos dão os animais. Muitas vezes eles nos ligam e nos dão de 45 minutos a 1 hora para a gente vir e pegar os animais antes de atirarem naqueles que eles não querem mais. É sempre impressionante para mim quando vou buscar um animal , o criador o tinha por 8 ou 9 anos e o animal não tem nem nome. Ele nunca saiu de sua jaula. Ele não sabe andar, eu tenho que carregar o animal até o carro. É de partir o coração.”

A repórter Lisa diz que uma razão para que os donos das fábricas de filhotes mantenham  os animais nessas condições é cultural  “eles não vêem os animais do mesmo jeito que outros vêem.Eles acreditam que os homens devem dominar os animais.  Muitos não parecem perceber que o que eles estão fazendo é desumano , por causa de sua educação… como se essa fosse a maneira como as coisas devem ser. E o fato é, existe um mercado para filhotes na America.”

Bill conta que ele pergunta aos criadores  porque eles tratam os cães tão mal. “Eles pensam que somos bobos quando viemos buscar os cães que não querem mais. Uma vez me perguntaram sobre um Cocker que eu havia levado para casa, e eu disse “ela está bem, esta andando pela casa e tudo mais” e ele disse “você deixa este animal andar pela casa onde sua família vive?”e eu disse “sim, eu deixo”. Ele não conseguia entender isso. É uma mentalidade diferente. Cães são considerados produtos agrícolas, são como uma espiga de milho.

Fomos contactados (o programa da Oprah), pelo American Kennel Club, que disse “os membros da AKC são pessoas que dedicam suas vidas – emocionalmente e financeiramente- para melhorar suas crias e produzir animais saudáveis e felizes. Nós incentivamos seus telespectadores a encontrar criadores responsáveis.”

Na manhã seguinte aos resgates, Lisa voltou a Main Line Animal rescue para ver o que o grupo de voluntários estava fazendo com os cães recém chegados, resgatados por ela e Bill,  e as outras dezenas de cães, gatos e coelhos negligenciados que estavam sob os cuidados da organização.

Cada animal resgatado tem uma consulta com o veterinário, que geralmente é a primeira consulta que eles têm em toda sua vida. Eles geralmente vivenciam mais duas primeiras vezes: seu primeiro banho e primeira tosa. Tentamos mantê-los limpos, porque eles cheiram muito, muito mal, afirma Bill.

Para alguns cães, os cuidados médicos são urgentes. Alguns têm tumor mamário devido há anos e anos de crias e excesso de ninhadas. Segundo Bill, um Cocker pode dar luz a até 140 filhotes.

Antes de serem resgatados, muitos desses animais passaram sua vida inteira dentro de gaiolas de arame e eles têm dificuldade em andar no chão uma vez que são libertados para andar no chão. Alguns tem as cordas vocais danificadas , para fazê-los parar de latir. Outros estão completamente sujos, com sua pelagem muito grande e imersa em urina.

Apesar das condições desumanas que os animais vivem antes do resgate, Bill diz que geralmente eles começam a apresentar sinais de melhora em cerca de duas semanas. O primeiro sinal de que eles estão melhorando é quando seu rabinho começa a abanar, diz.

De acordo com Bill, a Main Line Rescue resgatou cerca de sete a oito mil animais, sendo que cinco mil vieram das fábricas de filhotes. Sua missão é recolocar cada animal resgatado em uma família amorosa  e eles são bem sucedidos nisso “nós temos uma das maiores taxas de recolocação no país. Nós recolocamos cerca de 99% dos animais que resgatamos, porque temos um treinador muito bom que trabalha conosco. Temos algo que chamamos  “a aula do cão tímido” onde fazemos terapia com eles , e muitas outras coisas. É muito bom.”

Algumas semanas depois, os cães resgatados estão fazendo progressos consideráveis. Mesmo que tenham morado no mesmo lugar por anos, cães de fábricas de filhotes dificilmente tem um nome. Essa é a primeira coisa que Bill e os voluntários fazem quando chegam novos animais.

Ao longo dos anos, Bill afirma que já levou trabalho para casa: ele tem 10 cães. Segundo ele, geralmente fica com aqueles cães que a maioria das pessoas consideraria “inadotáveis”. “Eu tenho três cães cegos, dois com problemas na coluna e um que era anti-social e vivia em um ferro velho”, diz.

Em janeiro de 2007, Bill resgatou um mestiço de maltès e poodle de um criador. O filhote cadavérico não tinha quase nenhum pelo e estava perto da morte. Bill não podia deixá-lo para trás e adotou o pequeno rapaz, que ganhou o nome de Shrimp. Hoje Shrimp é um saudável e feliz membro da matilha de Bill.
“Se você esta pensando em adotar um novo animal, faça sua primeira parada em um abrigo local. Você vai encontrar todo tipo de animal, em todas as idades, em um abrigo”, diz Oprah.

Continua na próxima semana

Fonte: Pequeno Grande Cão