domingo, 20 de janeiro de 2013

A verdade e o mito sobre o CCZ de Maceió


O que pesa mais: o passado ou a capacidade de fazer diferente hoje? 

Dr. Lindomar: "esse governo ainda não disse a que veio"
Salários atrasados há cerca de setenta dias, ração e medicamentos em quantidade insuficiente, veículos utilizados no transporte de animais quebrados e uma estrutura física totalmente sucateada, sem o mínimo de condições de trabalho. Essa é a situação enfrentada pelos funcionários do Centro de Controle de Zoonoses de Maceió (CCZ/Maceió). Alguns, inclusive, trabalham sem férias e sem décimo terceiro.  

Equipamentos enferrujados, armários sem portas, pias apoiadas em arranjos improvisados e nenhuma sala climatizada. O novo diretor da Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, setor que responde pelo CCZ, doutor Marcelo Constant, avalia como “absurda” a situação do Centro. Segundo ele, uma de suas primeiras ações ao assumir o cargo, em 04 de janeiro, foi encaminhar relatório ao secretário João Marcelo Lira informando toda a situação e cobrando condições de trabalho.

Armário sem portas
Entre as solicitações feitas estão a aquisição de um novo veículo para o transporte de animais de grande porte ou conserto do existente, quebrado desde julho de 2012, a aquisição de ração suficiente para alimentar os animais sem escassez e a nomeação imediata de um coordenador geral para o CCZ, “que tenha vontade de fazer”, ressaltou. Embora Constant tenha se mostrado sensível à situação e desejoso de resolvê-la, fato é que, pelo menos, até o momento, o secretário João Marcelo ainda não tomou nenhuma atitude.

“Falta tudo aqui, menos vontade de fazer e fazemos tudo o que está ao nosso alcance”, afirmou Lindomar Machado dos Santos, médico veterinário escolhido para representar a categoria nas negociações. “Compreendemos que alguns entraves são normais no início de novos governos, mas, a verdade é que, em vinte dias, essa gestão ainda não mostrou a que veio, o que é inadmissível em se tratando de vidas, sejam humanas ou não humanas”, dispara.

Ferrugem devora equipamentos

De fato, o primeiro ato do prefeito Rui Palmeira após a posse foi visitar o Pan Salgadinho. No entanto, em relação aos animais, ele ainda não se posicionou nem visitou o Centro de Controle de Zoonoses. Também não mencionou receber os protetores que demonstraram interesse em firmar uma parceria em prol dos animais nem em receber esta jornalista para uma entrevista, e considerem que esta solicitação foi feita ainda no mês de dezembro último. Assim, realmente, fica difícil.

Mudança de Hábito

Apesar de todo o caos instaurado, novos ares pairam sobre o CCZ. Parece que o conceito de ‘humanização’ invadiu o lugar e o que se tem visto são profissionais empenhados em dar o melhor de si, pessoas comprometidas em salvar vidas. Bem ao contrário da antiga conduta praticada há pouco tempo de sair eutanasiando todos os animais que lá adentravam. Prática, aliás, que aterrorizou muita gente que, hoje, sente dificuldade em acreditar na mudança.

Poucos remédios à disposição
Em meados de 2012, o Ministério Público Estadual proibiu o CCZ de eutanasiar animais saudáveis ou em possibilidade de recuperação. Passando a mesma a ser permitida apenas em animais portadores de raiva ou leishimaniose viceral. E essas possibilidades deverão ser ainda mais limitadas visto, essa semana, o juiz federal ter liberado o tratamento para a leishimaniose, alterando a lei que era taxativa, anteriormente.  

A verdade é que, atualmente, o CCZ é o único local no município que atende os animais de graça com atendimento ambulatorial, resgate e castração. Os animais são tratados e encaminhados para a adoção que pode ser feita voluntariamente por pessoas da comunidade ou a partir de campanhas promovidas por protetores.

O óbvio

Mesa destroçada
Apesar disso, óbvio que o órgão está bem distante de ser um hotel cinco estrelas ou uma colônia de férias. Lá os animais são tratados e alimentados, mas, permanecem trancados em canis, solitários e carentes, a espera de um tutor que tenha raça o suficiente para levá-los pra casa e mantê-los em suas necessidades, principalmente as de amor e carinho.

Qualquer pessoa pode se envolver e ajudar a melhorar essa realidade. Basta querer. Para a maioria, é mais fácil disparar críticas indiscriminadamente, sem ponderar, do que arregaçar as mangas e ser de alguma utilidade. Mas sempre é tempo de mudar de opinião.

Adendo

Importante é compreender que quanto mais próximos estivermos das instituições, mais condições teremos de perceber como as coisas, de fato, funcionam. De cobrar resultados e soluções efetivas e até denunciar, se for o caso.

A decepção e o desapontamento fazem parte da estrada porque nada é perfeito, nem ninguém. Porém, abandonar a luta, desistir, dependendo da situação, pode ser um grande sinal de fraqueza, covardia ou, no mínimo, irresponsabilidade, afinal, são muitas as vidas que dependem de nós para que percamos tempo com tolas vaidades, exibicionismos e competições desnecessárias, que não levam a nada de proveitoso. Pelo menos, não para os animais.

Serviço

A entrada que dá acesso ao Centro de Controle de Zoonoses de Maceió está situada após o Conjunto Eustáquio Gomes, já próximo do Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares. O CCZ funciona diariamente, inclusive aos domingos, no horário da manhã. Mais informações pelos telefones 3373-9182, 3315-5462 e 3373-9182.


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