Um cavalo com fratura exposta na pata
traseira esteve largado, desde a madrugada desta quinta-feira (24), às margens da
BR 104, próximo a subestação da Eletrobras, no município de Murici, distante 51 quilômetros de Maceió. Apesar dos
vários pedidos de socorro feitos durante todo o dia, nenhum órgão se dispôs a
ajudar o animal.
Flávio Bernardino, funcionário da companhia energética que estava de plantão, disse ter tentado contato com várias instituições de Murici e da capital, mas todas negaram socorro. Ele telefonou para a Polícia Rodoviária Federal, para a Zoonose, Vigilância Sanitária, Secretaria de Saúde, Polícia Militar, para a prefeitura e até para um hospital, porém, sem êxito.
Flávio também recorreu às redes
sociais onde postou foto do animal e solicitou a ação de amigos mais influentes.
Estarrecidos. Foi assim que os internautas se mostraram. Franklin David, por
exemplo, disse que “pagamos impostos altos pra ‘caramba’ pra numa hora dessas
sermos tratados assim?! Chega a partir o coração ver um animal nessa situação”.
Já Patrícia Morais Brandão diz: “que coisa triste! O bichinho tem vida como a
gente. É uma pena que ninguém resolve nada. Imaginem as dores que ele está
sentindo”.
A eutanásia, que foi praticada durante
tanto tempo pelos Centros de Controle de Zoonoses, e que alguns ainda insistem
em praticar, caberia muito bem em casos como esse como forma de aliviar o
sofrimento de um animal. É óbvio que a medicina veterinária já avançou muito e
que existem métodos eficazes para tratar um animal de grande porte que tem suas
patas quebradas. Até elefantes já se locomovem muito bem com o auxílio de
próteses.
Mas, na ausência de um órgão municipal
ou estadual interessado e competente o suficiente para promover tal reabilitação, a sociedade
espera, no mínimo, que seja posto fim ao terrível sofrimento por que passa um
ser que tem um osso exposto ou algo que o valha. E imediatamente. E não esse
descaso debochado que vimos em relação ao cavalo em questão.
“Passei o dia tentando mantê-lo
hidratado. Joguei água em seu corpo e também dei pra ele beber, mas a coisa foi muito feia. O sofrimento dele é grande”, conta Flávio. O cavalo esteve deitado o dia inteiro sob um
sol escaldante. Apesar dos esforços empreendidos, ninguém se prontificou
sequer a ir ver o cavalo que agonizou até às 21h.
O
técnico da Eletrobras foi até em casa e quando retornou, cerca de duas horas depois, o cavalo não estava
mais lá. Levaram o animal e não se sabe quem o fez nem qual destino lhe deram. “Não sei o que aconteceu nem pra onde o levaram, mas prefiro acreditar
que agora ele ficará bem”, torce Flávio. Nós também preferimos acreditar nisso, Flávio.
Enfim, essa postura antiética,
insensível e cruel do poder público demonstra bem o modo como Alagoas trata
seus animais. Uma selvageria brutal e sem limites que não se compadece de forma
alguma com a dor de outro ser apenas porque este não é humano.
Mais uma triste amostra dessa política
despudorada praticada em nosso estado e que envergonha veementemente os
contribuintes que pagam altos impostos para testemunharem diariamente o descaso
para com todas as formas de vida e serem obrigados a presenciar essa postura
burocrática, leviana e burra que desalenta os cidadãos de bem e os fazem cada vez
mais descrentes da possibilidade de um amanhã melhor.
Mas, esse é somente mais um caso, como
tantos que já aconteceram e, pelo jeito, continuarão a acontecer por muito
tempo ainda nessa terra de ninguém. Afinal, estamos muito longe do que se pode chamar de civilidade. Além do mais, apenas recebemos dos órgãos públicos aquilo que aceitamos: NADA.
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